O Grupo Jovens em Movimento da paróquia de Avanca é sinónimo de alegria, paz e amizade, pois é essa a mensagem de Jesus Cristo

segunda-feira, junho 18, 2007

SORRIR - 1ª parte

Esta é a primeira parte do conto "Sorrir", escrito pelo Tó e vencedor do concurso "Melhor história cristã", organizado pelo grupo "Ser Ajuda" (http://www.serajudasa.blogspot.com/).
Esperamos que gostem, comentem e com certeza, se identifiquem um pouco com os personagens.


Escrevi este conto baseado em grande parte na vivência do meu grupo de jovens, mas também em várias pessoas que conheci nos vários encontros em que participei. Para criar as personagens não me baseei em alguém real, mas fui buscar características que existem em muitos jovens cristãos, pelo que estas podiam existir com facilidade. Por esse motivo também, não especifiquei o lugar onde se desenrola a acção, pois esta história podia ter acontecido em qualquer paróquia deste país que tenha um grupo de jovens.Os acontecimentos estão um pouco “novelizados”, na prática as coisas não costumam acontecer tão rápido, mas não é raro encontrar histórias do género..

António Manuel P. Silva (Tó)
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Ultimamente a Ana tem-me chamado a atenção. Não é uma rapariga rica, mas também não é pobre. Não se veste com roupas caras. Além disso é de outra turma e passa o tempo num grupo de pessoas mais afastado. Poucas vezes me cruzo com ela na escola. Normalmente uma rapariga assim passaria despercebida aos meus olhos, mas das poucas vezes que a via, algo me chamava a atenção: o sorriso. Comentei com alguns colegas que achava aquela rapariga engraçada. A reacção deles foi com comentários do género: “Agora estás virado para as betinhas”, “Essa miúda é uma amostra de gente”, etc… Não liguei muito ao que eles disseram. Estava decidido a meter conversa e ia fazê-lo. Certo dia encontrei-a sozinha, sentada num banco a estudar. Reparei que ela usava sempre uma pequena cruz de madeira ao pescoço. Era diferente das cruzes habituais, com umas formas arredondadas. Sentei-me ao pé dela e perguntei:
- Porque usas essa cruz?

- É bonita, gosto dela. Além disso simboliza a minha Fé e Alegria. – Respondeu de forma decidida. Outra rapariga teria mostrado sinais de timidez.
- Nunca percebi o significado da Cruz. Não compreendo como é que um objecto que causa sofrimento e morte, pode ser usado como um símbolo de alegria. – Disse-lhe.
- Nunca andaste na catequese? De certeza que te explicaram lá o significado da Cruz.
- Andei, mas nada daquilo fez sentido. Se calhar até me explicaram, mas a única lembrança que
tenho é uma senhora austera a dizer: “O Jesus castiga!” Ainda fiz a comunhão, lembro-me que os meus pais fizeram uma grande festança, mas saí da catequese logo a seguir
.

- Bem, eu podia explicar-te o significado da Cruz, mas para ti seriam apenas palavras, não irias compreender. Tenho uma ideia melhor… Que fazes no domingo de manhã?
- Domingo… Não sei. Possivelmente dormir.
- Bem, este domingo não. Às 11 horas vem à missa. É o meu grupo que vai animar.
- Estas a falar a sério!? Eu! Na missa!?
- Sim, porque haveria de estar a brincar? Vai ser muito engraçada, vais gostar. Vemo-nos domingo. Tenho aula agora.
Levantou-se e piscou-me o olho enquanto se afastou.O sorriso continuava ali, sempre estampado no seu rosto. Mas agora era algo mais, aquela conversa foi diferente, ela falou comigo de forma decidida, sem corar como as outras raparigas faziam. Não sei porquê, mas naquele momento também sorri.

Domingo acordei relativamente cedo. Por algum motivo naquele dia não tinha sono. O primeiro pensamento que me ocorreu, foi o convite da Ana. Ir à missa! Sinceramente, a proposta era ridícula, eu nem sabia o que se faz na missa… 10 horas estavam assinaladas no relógio e uma força parecia empurrar-me para fora da cama. Eu
sabia o que era. A curiosidade de assistir à tal missa… Resolvi seguir o impulso e vesti-me. Não sabia o que ia fazer, mas a curiosidade era forte demais. Ao sair a minha mãe perguntou-me onde ia.
- Combinei com uns amigos. – Respondi. Não fui capaz de dizer a verdade, por vergonha talvez. A mesma vergonha que sentiria se os meus amigos descobrissem…
Faltavam 2 ou 3 minutos para o início quando cheguei, mas a igreja já estava cheia. Deixei-me ficar na parte de trás, escondido atrás das pessoas, para que não fosse notado. Espreitei lá para a frente para ver onde estava a Ana. Estava entre o coro. Ainda afinavam os instrumentos. Já não entrava ali desde miúdo. Havia qualquer coisa de diferente, ao pé do altar estava uma tela com a frase projectada: “Bem-Vindo à Eucaristia”.
Começou a celebração e cantaram uma música em que o refrão dizia: “Como são belos os pés que anunciam a paz”. Era um coro diferente do habitual. Eram todos jovens, alguns conhecia de vista lá da escola. Tinham bateria e guitarra eléctrica, mais pareciam uma qualquer banda de música rock. À primeira vista nada daquilo tinha a haver com a Igreja, mas as pessoas pareciam gostar. O ritual foi seguindo. Não estava muito atento ao que diziam, mas estava curioso pela música que viria a seguir. A certa altura vejo a Ana a subir para ler. Fez uma leitura que falava que Jesus Cristo é o Senhor e se acreditássemos que este havia ressuscitado, também nós seríamos salvos. Ela tinha razão, para mim aquilo não passava de palavras. Aquilo que ela leu não fez sentido para mim… Pensei em
sair dali, mas surgiu uma nova música que parecia anunciar algo importante. Desta vez foi o padre ler e todos se benzeram de forma complicada. Tentei imitar o que vi, mas o resultado não foi dos melhores. O padre falou que Jesus tinha estado 40 dias no deserto e tinha sido tentado pelo diabo. Depois de ler comentou a passagem, transpondo as tentações para os dias de hoje. Desta vez compreendi melhor, mas o que o padre dizia não fazia muito sentido. Como pode alguém ser melhor se se rebaixa perante os outros? Como podem acreditar que vão
ressuscitar para uma outra vida? Foi então que reparei, não pensava na morte. Essa palavra parecia estar num futuro tão distante, que parecia inalcançável. Os rituais sucediam-se. Tentava-me concentrar nas músicas para afastar o meu pensamento da morte. Mas também a própria música falava da morte, de Cristo crucificado e da forma como Ele nos amava. Estranhamente eles cantavam com alegria. Tudo aquilo era muito confuso para mim. Naquele momento arrependi-me de ter ido ali, não esperei pelo final e saí discretamente para fora.
(...)

Continua para a próxima semana



1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Antes de mais, Parabéns ao nosso Tó, pelo 1º lugar!:) Digamos que este 1º capítulo retrata a insegurança de alguns jovens (a do rapaz) face a determinação de outros (a da Ana). Talvez, como disseste no inicio os episódios acontecem depressa de mais, mas a mensagem que queres transmitir parece interessante: a problemática do "devo ou nao acreditar em Cristo?"- já que nada daquilo fazia sentido para a personagem! É incrivel, como um sorriso consegue transformar uma pessoa... A determinação da Ana foi sem duvida a chave-mestra para levar o rapaz até a igreja onde se questionou de novo se as palavras do padre, e de tds as musicas q eram entoadas ali, fariam algum sentido... Já a Ana lhe havia dito, na escola, que ela lhe poderia explicar o significado da Cruz, mas para ele nao seriam mais do que palavras... E no fundo, muitos são os jovens que nao se interessam, e que se sentem envergonhados qd se fala de religião! No entanto, acabou por se deslocar até a Igreja, onde ao ouvir as leituras da Ana e do Padre se questionou sobre se alguma vez teria pensado na morte: "Foi entao que reparei, nao pensava na morte!"
Ás vezes é estranho: damos por nós a pensar em coisas que surgem, e nao sabemos bem como...
Na proxima semana volto! ;)
bjinhus*

3:24 da tarde  

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